24/05/2023 às 09h32min - Atualizada em 24/05/2023 às 09h32min

Em depoimento, ‘mensageiro’ diz que levava propina a prefeitos e recebia R$ 6 mil de ‘salário’

Operador do Grupo Serrana afirmou que não participava da negociação, mas que preparava a logística da entrega de propinas

‘Mensageiro’ detalha salário que recebia da Serrana em depoimento ao qual o Grupo ND teve acesso – Foto: Reprodução/ ND – Foto: Reprodução/ ND
O “mensageiro”, homem que seria responsável pela entrega de propinas a prefeitos investigados pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) e batizou a Operação Mensageiro, revelou em depoimento que recebia cerca R$ 6 mil mensais de “salário” para atuar como articulador do esquema quando foi contratado pela Serrana Engenharia, empresa apontada como criadora e operadora do maior caso de corrupção da história do Estado.

Segundo a investigação, o operador, que tem o nome protegido por decisão judicial,  foi peça central nos acordos que pagavam propinas em troca de favorecimento na prestação de serviços públicos em ao menos 16 municípios catarinenses. O Grupo ND procurou a defesa do “mensageiro”, porém não obteve retorno.

No depoimento, o “mensageiro” da Serrana conta que foi convidado para ocupar a função por um dos sócios da empresa em 2014.

De acordo com o operador, para remunerar a tarefa foi definido com a empresa um “salário” de R$ 3 mil. Segundo ele, esse valor dobrou em quase dez anos, até o momento da sua prisão pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), em dezembro, na primeira fase da operação.

Terça-feira era dia da propina

No depoimento, o “mensageiro” explicou que os envelopes com o dinheiro e as iniciais de cada município eram entregues em Joinville, onde fica a sede do Grupo Serrana.

O operador detalhou ainda que não tinha participação na negociação, mas que preparava a logística com base no contato que recebia escrito em uma folha na retirada dos envelopes.

As entregas eram feitas rotineiramente às terças e, excepcionalmente, em fins de semanas e feriados.

‘Mensageiro’ cita esquema de notas frias para a Serrana

A relação do “mensageiro” com a Serrana começou antes dele ocupar o cargo no esquema de propinas. O homem conta no depoimento que foi funcionário do grupo entre 2005 e 2012, quando deixou a empresa para abrir o próprio negócio de implementos agrícolas.

No empreendimento, ele passou a emitir notas fiscais com valor superior ao produto. Conforme o “mensageiro”, do total ele retirava a diferença do imposto e 4% para si mesmo, entregando o restante à Serrana. Segundo ele, os lucros desse esquema teriam durado dez anos.

“Depende do mês, eu tirava R$ 20 mil, R$ 15 mil, R$ 10 mil por mês em notas frias. De 2013 em diante”, fala. Após esse período, a empresa voltou a contratá-lo, desta vez para operar o esquema de propinas que ganharia notoriedade com a investigação do MPSC, que já fez sete prefeitos réus na Justiça.

Fonte/NDmais
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